quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ciclo de conversas sobre o trabalho infanto juvenil.




Pelas observações coletivas de sala de aula, temos constatado que os momentos e estratégias pedagógicas que potencializam as interações discursivas vêm despertando maior interesse e, por conseguinte, motivando a maior participação de nossos alunos nos debates sobre determinados temas dos conteúdos históricos. Esses momentos e estratégias vêm permitindo a produção de novos sentidos e a emersão de conhecimentos diversos sobre os temas que enriquecem nossas conversas e reconstroem significados.

Diante desta constatação e do fato de já termos tido uma experiência positiva, nestas mesmas turmas, com Roda de Conversas, propusemos para os alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Eleonora Pieruccetti, realizarmos um conjunto de atividades, cuja temática é a Revolução Industrial, especificamente discutindo o trabalho infanto juvenil.

Assim planejamos e desenvolvemos três atividades expostas a seguir:

1ª atividade – Roda de conversas sobre Revolução Industrial e Trabalho Infanto Juvenil:
Neste momento discutiu-se com a turma a situação do trabalhador com o advento da Revolução Industrial. Os alunos puderam demonstrar a apropriação de informações sobre a Revolução Industrial e sobre seus efeitos sobre o trabalho e sobre o trabalhador. Foi um momento importante para discutir o capitalismo industrial e as sociedades contemporâneas. Exploramos as relações de trabalho construídas no final do século XVII e século XIX, mudanças e permanências. 

A partir das imagens abaixo, exploramos também os conhecimentos que possuíam sobre o trabalho infanto-juvenil. Ficou claro nas turmas participantes o trabalho infanto-juvenil como necessidade das famílias dos trabalhadores, mas também como parte da exploração sobre o trabalho.

                                                                                

Disponível em http://historiaatevoce.blogspot.com.br/2013/08/criancas-trabalhando-nas-fabricas.html. Acesso em: 27 out. 2013
Disponível em http://historiaatevoce.blogspot.com.br/2013/08/criancas-trabalhando-nas-fabricas.html. Acesso em: 27 out. 2013
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013
Disponível em http://sociedadeeeconomia.blogspot.com.br/2010/06/trabalho-infantil.html. Acesso em: 27 out  2013.
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013
Disponível em: http://www.environmentalgraffiti.com/news-spitalfields-nippers-children-londons-slums-100-years-ago?image=2. Acesso em 24 de out. 2013
Jornal O Alto Acre. Disponível em http://oaltoacre.com/arquivo/index.php?option=com_content&view=article&id=12577:acre-aparece-em-3o-lugar-no-ranking-do-trabalho-infantil-no-norte&catid=15:acre&Itemid=135. Acesso em: 27 out. 2013
Campanha “Trabalho infantil: deixar de estudar é um dos riscos”. Disponível em : http://www.saude.al.gov.br/categorias/vigilanciaemsaude/saudedotrabalhador?page=12. Acesso em 27 de out. 2013
Folha de Pernambuco. Disponível em http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/geral/brasil/arqs/2013/04/0334.html. Acesso em 27 de out. 2013

2ª atividade – Vida Maria:
Buscamos, por meio da exibição do vídeo Vida Maria http://www.youtube.com/watch?v=zHQqpI_522M deslocar o olhar dos alunos para um outro fato que também envolve a questão: a tradição das famílias brasileiras em permitir e incentivar o trabalho infanto juvenil. Nossa intenção foi a de problematizar pensamentos já manifestados em sala de aula, presentes na sociedade brasileira, que demonstram a naturalização do trabalho entre crianças e adolescentes. O vídeo mostra a presença da infância interrompida diante do trabalho doméstico no interior do Brasil. As mães reproduzem suas trajetórias de vida exigindo das filhas o que lhes foi exigido, negando um futuro diferente. Escrever o nome se transforma em uma linha divisória entre a tradição e a vida diferenciada.
As discussões sobre o vídeo foram feitas a partir de filipetas coladas no quadro com as palavras: mulher, permanências, destino, cotidiano, trabalho infantil, e no final uma pergunta para ser discutida: O que “desenhar o nome” significa no cenário de Vida Maria?”

3ª Atividade – produção de texto em dupla.
Como uma das formas de sistematização propusemos uma produção de texto com a seguinte orientação: Vocês acham que o trabalho infanto juvenil é opção do brasileiro ou é uma situação imposta pelas condições culturais e socioeconômicas?


Relato do desenvolvimento das atividades:
No primeiro dia do ciclo de conversas o debate foi um pouco tímido e não envolveu todos os alunos da sala. Com relação a isso, levantamos duas hipóteses: a primeira se fundamenta no fato dos estudantes estarem sendo filmados pelos estagiários, o que pode ter sido uma das razões do acanhamento. O outro fator, atribuímos à organização da sala, que estava em círculo. Em seu centro se encontravam 8 alunos, que seriam responsáveis pelas diretrizes da discussão. Podemos perceber que, num primeiro momento, os estudantes  tiveram alguma dificuldade em transpor suas realidades sociais por aquelas de crianças que precisam trabalhar para ajudar em seu sustento. Alguns alunos se manifestaram dizendo que trabalhavam em casa, nos negócios da família e outros em programas de incentivo e amparo ao trabalho infanto juvenil, como o Jovem Aprendiz.

No segundo dia de atividades, após a exibição do curta metragem "Vida Maria", foi visível a reação dos alunos ao contexto apresentado no vídeo e a possibilidade de estar inserido nele. Ouvimos frases do tipo: "Nossa, que vida horrível!"; "Ainda bem que eu não tenho que trabalhar assim"; "Nossa, que tanto de filho.” Os estudantes identificaram as permanências, causadas pela pobreza e falta de estudos, criando até certo tipo de fobia dessa realidade. No entanto, apesar dessas reações, a atividade ganhou um contorno mas de aula expositiva do que de debate.

No terceiro e último dia, os alunos produziram redações em dupla, respondendo a pergunta citada no planejamento. A análise dos textos permitiu constatar que as discussões foram muito boas e que nossos alunos assumiram posições politicamente muito interessantes a respeito do trabalho infanto-juvenil. A Partir da correção, apreendemos que a construção sobre a ideia do trabalho infanto juvenil, que eles tinham em mente, modificou-se da inicial. Em geral os estudantes se demonstraram bastante contrários a essa perspectiva de vida, embora tenham uma concepção naturalizada, mesmo por uma questão cultural que enfrentamos em nosso país. Aparentemente, para eles, quando o trabalho é uma opção do jovem não há problemas em seu exercício, sendo essa realidade preponderante a do trabalho infanto juvenil forçado.



Algumas imagens da primeira etapa:





4 textos selecionados pelos estagiários sobre a terceira etapa:





Marcadores