Pelas observações coletivas de sala de aula, temos
constatado que os momentos e estratégias pedagógicas que potencializam as
interações discursivas vêm despertando maior interesse e, por conseguinte, motivando
a maior participação de nossos alunos nos debates sobre determinados temas dos
conteúdos históricos. Esses momentos e estratégias vêm permitindo a produção de
novos sentidos e a emersão de conhecimentos diversos sobre os temas que
enriquecem nossas conversas e reconstroem significados.
Diante desta constatação e do fato de já termos tido uma
experiência positiva, nestas mesmas turmas, com Roda de Conversas, propusemos
para os alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professora Eleonora
Pieruccetti, realizarmos um conjunto de atividades, cuja temática é a Revolução
Industrial, especificamente discutindo o trabalho infanto juvenil.
Assim planejamos e desenvolvemos três atividades expostas a
seguir:
1ª atividade – Roda de conversas sobre Revolução Industrial
e Trabalho Infanto Juvenil:
Neste momento discutiu-se com a turma a situação do
trabalhador com o advento da Revolução Industrial. Os alunos puderam demonstrar
a apropriação de informações sobre a Revolução Industrial e sobre seus efeitos
sobre o trabalho e sobre o trabalhador. Foi um momento importante para discutir
o capitalismo industrial e as sociedades contemporâneas. Exploramos as relações
de trabalho construídas no final do século XVII e século XIX, mudanças e
permanências.
A partir das imagens abaixo, exploramos também os
conhecimentos que possuíam sobre o trabalho infanto-juvenil. Ficou claro nas
turmas participantes o trabalho infanto-juvenil como necessidade das famílias
dos trabalhadores, mas também como parte da exploração sobre o trabalho.
Disponível em http://historiaatevoce.blogspot.com.br/2013/08/criancas-trabalhando-nas-fabricas.html. Acesso em: 27 out. 2013 |
Disponível em http://historiaatevoce.blogspot.com.br/2013/08/criancas-trabalhando-nas-fabricas.html. Acesso em: 27 out. 2013 |
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013 |
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013 |
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013 |
Disponível em http://sociedadeeeconomia.blogspot.com.br/2010/06/trabalho-infantil.html. Acesso em: 27 out 2013. |
Disponível em : http://thewe.cc/weplanet/news/children/children_unions.htm. Acesso em: 24 de out. 2013 |
Disponível em: http://www.environmentalgraffiti.com/news-spitalfields-nippers-children-londons-slums-100-years-ago?image=2. Acesso em 24 de out. 2013 |
Campanha “Trabalho infantil: deixar de estudar é um dos riscos”. Disponível em : http://www.saude.al.gov.br/categorias/vigilanciaemsaude/saudedotrabalhador?page=12. Acesso em 27 de out. 2013 |
Folha de Pernambuco. Disponível em http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/geral/brasil/arqs/2013/04/0334.html. Acesso em 27 de out. 2013 |
2ª atividade – Vida Maria:
Buscamos, por meio da exibição do vídeo Vida Maria http://www.youtube.com/watch?v=zHQqpI_522M
deslocar o olhar dos alunos para um outro fato que também envolve a questão: a
tradição das famílias brasileiras em permitir e incentivar o trabalho
infanto juvenil. Nossa intenção foi a de problematizar pensamentos já
manifestados em sala de aula, presentes na sociedade brasileira, que demonstram
a naturalização do trabalho entre crianças e adolescentes. O vídeo mostra a
presença da infância interrompida diante do trabalho doméstico no interior do
Brasil. As mães reproduzem suas trajetórias de vida exigindo das filhas o que
lhes foi exigido, negando um futuro diferente. Escrever o nome se transforma em
uma linha divisória entre a tradição e a vida diferenciada.
As discussões sobre o vídeo foram feitas a partir de
filipetas coladas no quadro com as palavras: mulher, permanências, destino,
cotidiano, trabalho infantil, e no final uma pergunta para ser discutida: O
que “desenhar o nome” significa no cenário de Vida Maria?”
3ª Atividade – produção de texto em dupla.
Como uma das formas de sistematização propusemos uma
produção de texto com a seguinte orientação: Vocês acham que o trabalho
infanto juvenil é opção do brasileiro ou é uma situação imposta pelas condições
culturais e socioeconômicas?
Relato do desenvolvimento das atividades:
No primeiro dia do ciclo de conversas o debate foi um pouco
tímido e não envolveu todos os alunos da sala. Com relação a isso, levantamos
duas hipóteses: a primeira se fundamenta no fato dos estudantes estarem sendo
filmados pelos estagiários, o que pode ter sido uma das razões do acanhamento.
O outro fator, atribuímos à organização da sala, que estava em círculo. Em seu
centro se encontravam 8 alunos, que seriam responsáveis pelas diretrizes da
discussão. Podemos perceber que, num primeiro momento, os estudantes tiveram alguma dificuldade em transpor suas
realidades sociais por aquelas de crianças que precisam trabalhar para ajudar
em seu sustento. Alguns alunos se manifestaram dizendo que trabalhavam em
casa, nos negócios da família e outros em programas de incentivo e
amparo ao trabalho infanto juvenil, como o Jovem Aprendiz.
No segundo dia de atividades, após a exibição do curta
metragem "Vida Maria", foi visível a reação dos alunos ao contexto
apresentado no vídeo e a possibilidade de estar inserido nele. Ouvimos frases
do tipo: "Nossa, que vida horrível!"; "Ainda bem que eu não
tenho que trabalhar assim"; "Nossa, que tanto de filho.” Os
estudantes identificaram as permanências, causadas pela pobreza e falta de
estudos, criando até certo tipo de fobia dessa realidade. No entanto, apesar
dessas reações, a atividade ganhou um contorno mas de aula expositiva do que de
debate.
No terceiro e último dia, os alunos produziram
redações em dupla, respondendo a pergunta citada no planejamento. A análise dos textos permitiu constatar que
as discussões foram muito boas e que nossos alunos assumiram posições
politicamente muito interessantes a respeito do trabalho infanto-juvenil. A
Partir da correção, apreendemos que a construção sobre a ideia do trabalho
infanto juvenil, que eles tinham em mente, modificou-se da inicial. Em geral os
estudantes se demonstraram bastante contrários a essa perspectiva de vida,
embora tenham uma concepção naturalizada, mesmo por uma questão cultural que
enfrentamos em nosso país. Aparentemente, para eles, quando o trabalho é uma opção
do jovem não há problemas em seu exercício, sendo essa realidade preponderante
a do trabalho infanto juvenil forçado.
Algumas imagens da primeira etapa:
4 textos selecionados pelos estagiários sobre a terceira etapa: